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O HOBBIT – A DESOLAÇÃO DE SMAUG/Crítica – entre o antológico e o puxa-estica

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Sucesso de público em todo o mundo, O Hobbit: a Desolução de Smaug, de Peter Jackson, apresenta um visual arrebatador e momentos antológicos através da tecnologia dos efeitos especiais, nos quais se sobressai a figura do dragão Smaug. No entanto, a obra se ressente do puxa e estica promovido pelo roteiro a fim de conceder maior duração à aventura

Martin Freeman em O HOBBIT -A DESOLAÇÃO DE SMAUG (2013), de Peter Jackson

Martin Freeman em O HOBBIT -A DESOLAÇÃO DE SMAUG (2013), de Peter Jackson

Por muito pouco, Peter Jackson não fez uma Enrolação na Terra Média 2, título da análise que fiz de O Hobbit – uma Aventura Inesperada (2012), postado neste Blog em dezembro do ano passado (para conferi-la, > clique aqui <). O livro de John Ronald Reuel Tolkien, o J. R. R. Tolkien (1892-1973), publicado originalmente em 1937, tem apenas 310 páginas, o que dá para fazer uma boa adaptação cinematográfica com mais da tal duas horas, e, talvez mais uma sequência, mas três, impossível. Bem, impossível para os cineastas comuns, pois Peter Jackson não é um deles.

Os especialistas em Tolkien admitem que uma adaptação decente de O Hobbit se daria muito bem em apenas um filme – e era o que estava planejado quando, posteriormente, Jackson decidiu desdobrá-lo em dois, e mais adiante, que seria uma trilogia – assim como feito com O Senhor dos Anéis. A diferença é que o livro O Senhor dos Anéis, se reunido em forma de trilogia, tem nada menos de 1.229 páginas.

Essa diferença se percebe nos três filmes que compõem a primeira trilogia de Jackson: O Senhor dos Anéis, livro um, A Sociedade do Anel, tem 434 páginas na edição brasileira e 480 na original, editada no Reino Unido (o filme tem 178 minutos); As Duas Torres, livro dois, 364 páginas no Brasil e 499 no original (o filme tem 179 minutos); e O Retorno do Rei, livro três, 431 páginas na edição nacional e 466 na original (o filme tem 201 minutos). 558 minutos de trilogia cinematográfica.

Os anões frente a Montanha Solitária: aventura na Terra Média

Os anões frente a Montanha Solitária: aventura na Terra Média

É fácil perceber porque os dois filmes da saga O Hobbit são tão esticados, ao ponto de sequências em um só ambiente se estenderem por até quase 50 minutos, como foi o tempo no qual Gandalf encontra a turma de anões saírem de sua terra natal em Uma Jornada Inesperada. Aliás, nesta aventura, a fim de alcançar os 169 minutos de duração, Jackson apelou para inúmeras cenas de contemplação da natureza da Nova Zelândia, entre outros recursos.

Assim sendo, O Hobbit – a Desolação de Smaug tem os mesmos desacertos narrativos de Uma Jornada Inesperada, porém com a felicidade de ter um visual menos contemplativo e mais verborrágico e, obviamente, esticado e m cada lugar ou ambiente pelos quais Bilbo e seus companheiros apareçam – dura quase uma eternidade a sequência dos anões em luta contra as aranhas e em seguida quando são capturados na terra dos elfos, incluindo a vertiginosa perseguição pelos orcs ao longo do rio – a descida deles no interior de barris de vinho é algo  inusitado -, simplesmente antológica.

Ian MacKellen (Gandalf) e Orlando Bloom (Legolas): reencontro de heróis

Ian MacKellen (Gandalf) e Orlando Bloom (Legolas): reencontro de heróis

É dessa forma que Jackson faz o contraponto a sua narrativa esticada. Na hora da ação, é realmente avassaladora e emocionante, compensando as extensas sequências dialogadas. E esse conjunto se explica pela preocupação do cineasta ao amarrar os acontecimentos do primeiro filme a fim do espectador não perder a noção da história, e já prepará-lo para o episódio-desfecho, como fica evidente na sequência final com o voo do dragão Smaug em direção à cidade.

E pode-se dizer que, na tentativa de oferecer um espetáculo com cenas de ação diferentes de Uma Aventura Inesperada, Jackson oferece pelo menos uma idêntica, não por inovação, mas por recorrência, a fim de fazer o espectador perceber que um dos temas centrais é influência malévola do anel a quem o possuir – e a bola da vez é Bilbo Bolseiro (Martin Freeman). Em Uma Jornada Inesperada, a sequência era o desespero de Gollum ao perdê-lo para o invisível Bilbo. Agora é Bilbo que o perde, e, separados por uma aranha gigante, ele a ataca com tal fúria que, após a sua vitória, percebe a influência do objeto maldito em seu cerne. Outra sequência antológica, igualmente sem nenhum diálogo.

É curioso perceber como Jackson consegue conduzir uma história com tantos personagens. E em A Desolação de Smaug outros aparecem: a corajosa Tauriel (Evangeline Lily, a Kate de Lost, finalmente chegando ao estrelato), o Mestre de Laketown (Stephen Fry), o barqueiro e revolucionário Brichard armitage

ard (Luke Evans), e, também, o retorno de Legolas (Orlando Bloom). É a comprovação do cineasta como um grande narrador cinematográfico.

Evangeline Lily (Tauriel), Stephen Fry (Mestre de Laketown) e Luke Evans (Bard): novos personagens

Evangeline Lily (Tauriel), Stephen Fry (Mestre de Laketown) e Luke Evans (Bard): novos personagens

Mas, é de posse da temática que reúne ganância , avareza, vaidade, preguiça e ira no dragão Smaug, que Jackson faz com que A Desolação de Smaug seja um filme que se justifica. Por pouco, Smaugh não tem em si os sete pecados capitais. Em sua preguiçosa dormência em dormir sob o ouro fruto da destruição de humanos e cidades, o qual o enleva na vaidade e na cobiça, Smaug expressa a riqueza indolente que se abastece do trabalho alheio através de seu poder. Toda a sequência, da entrada de Bilbo na Montanha Solitária, a decisão do anão Thorin (Richard Armitage) e seus companheiros em ajudá-lo, é mágica. E mágica, porque Smaug é um personagem fascinante com a sua postura filosófica. É irônico com a fragilidade humana. Entre anões e o gigantesco dragão, a ira faz as diferenças. Os anões sob a ira para matá-lo; Smaug irado por quase ter sido morto pelas armadilhas dos anões sai em busca de vingança. Uma sequência, por tudo o que expressa e fascina, antológica. Vem emoção por aí.

Indo contra a corrente do pensamento dos exibidores que têm nos filmes com até duas horas de duração o tempo ideal para obter mais sessões e assim ganhar muito dinheiro, Jackson leva o seu A Desolação de Imag para duas horas e 40 minutos. Entre o criador e o exibidor, o primeiro prepondera absoluto, com o filme faturando, em apenas 3 dias, mais de US$ 200 milhões – US$ 73.6 no mercado americano (EUA e Canadá) e mais US$ 131,2 milhões, no mercado exterior (em 16 mil salas de 49 países), com o 3D representando nada menos de 63% da renda bruta.

Richard Armitage (Thorin) e a fuga dos anões: sequência antológica

Richard Armitage (Thorin) e a fuga dos anões: sequência antológica

Há um detalhe fundamental na produção da franquia O Hobbit: os três filmes já foram rodados, todos, de uma vez só, em seis meses de filmagens na Nova Zelândia, com um custo de US$ 180 milhões. Jackson e sua equipe trabalham, agora, em dois departamentos: montagem e efeitos especiais. Como o primeiro filme ultrapassou a barreira de um milhão de dólares em arrecadação e o segundo está a caminho para superar esse valor, entenda-se porque, para Jackson, os livros de J. R. R. Tolkien são altamente rentáveis.

Não se sabe ainda qual será o tempo de duração de Lá e de Volta Outra Vez, o fechamento da segunda trilogia, mas deve ficar na média de 2h30 minutos. Agora entenda-se porque um livro com apenas 310 páginas se transformou numa trilogia cinematográfica com 1.229 páginas, ou em um livro com cerca de 560 minutos de duração.

Ficha técnica

O Hobbit – a Desolação de Smaug
The Hobbit – the desolation of Smaug
EUA-Nova Zelândia, 2013
Diretor: Peter Jackson
Elenco: Martin Freeman, Richard Armitage, Ian McKellen, Luke Evans e Evangeline Lily
161 minutos
Warner
12 anos

Veja um vídeo, legendado em português, com as filmagens e bastidores.

Clique aqui para assistir o vídeo inserido.

 

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